sábado, 12 de fevereiro de 2011

Meu irmão é um esquizofrênico

“Todas as noite são a mesma coisa: Renato deita em sua cama, lê um, dois capítulos de um livro qualquer até o sono chegar. Quando chega, desliga a luminária e fecha os olhos.

Até aí tudo bem. A não ser que, quando ele repousa a cabeça sobre o travesseiro, já com sono, seu irmão mais novo começa a falar sozinho. A discutir, brigar. Renato pensou em ir lá e fazer o irmão dormir na porrada, mas nunca teve coragem. Já tentou gritar, chamar sua mãe para mandar ele calar a boca. Mas a velha parecia estar sempre defender o caçula.

Certa noite irritado com toda aquela barulheira que o irmão estava fazendo, discutindo com seu obsessor se a Coca-Cola ou a Pepsi era melhor, Renato foi até a porta do quarto ao lado e gritou. Esperneou e mandou-o calar a boca. Vocês me perguntam se adiantou? Não, não adiantou.
Sua mãe levantou, mandou o rapaz deitar e esquecer isso. Que deixasse pra lá.

Antes o seu querido irmão só discutia uma, duas vezes por semana, agora já faziam quatro dias que Renato não conseguia dormir. E isso o estava atrapalhando. Não conseguia trabalhar direito. Não fazia nada direito.”

O doutor fez uma pausa para tomar um copo d'água. Respirou e quando estava pronto para retomar um de seus alunos o interrompeu.

-Senhor, mas o que Renato alegava?
-Que seu irmão era esquizofrênico e queria interná-lo.-Disse o Doutro enquanto ajeitava os papeis em sua mesa.
-Internaram o irmão do cara?!- Gritou um aluno da ultima fileira.
-Internaríamos se Renato não estivesse morando sozinho a 1 ano. Disse por fim, e as risadas tomaram a sala.

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