terça-feira, 12 de abril de 2011

Bala de goma



Nós estamos sempre atrasados, com a cabeça na próxima meia hora sem prestarmos atenção no que está acontecendo agora. Eu era mais ou menos assim, foi só quando parei para prestar atenção no que estava ocorrendo ao meu redor que vi como somos apressados e antipáticos no dia a dia.Se eu não parasse para olhar para os lados nunca veria um farmacêutico com uma remédio genérico, gigante, na outra extremidade de uma vara. Nunca me daria conta dele pescando velhinhos. E o mais importante, nunca veria uma cena que de alguma me comoveria. 

Um dia, indo para o curso de adm. e info., em meio a chuva, vi um homem com o cenho enrugado, sustentando uma expressão de tristeza...não, melhor: sustentando uma expressão de: que merda, enquanto tirava de uma poça d'água, com cerca de uns 4cm de profundidade aqueles sacos de bala de goma, ruins para caramba. Vi ele tirando, puto da vida, e as colocando dentro de uma caixa junto com as demais.

Durante os cinco segundos da minha vida que eu fiquei olhando aquele homem, veio a minha cabeça todas as vezes que eu tirei do bolço um real para ajudar, comprando três daquelas balas horríveis. Lembrei do discurso deles. “ Des----culpem, companheiros. Sei...que é ruim estar----encomodano. Mas, eu poderia estar MAtano, RObano, mas só quero vender essa balilhas. Uma cinquenta centavos, 3 por um real.” e vinham ainda mais automáticos oferecendo: Vai uma bala aí tio? Lembrei de tantas que eu toquei fora, de outras tantas que encarei. E, finalmente, passando esses 5 segundos eu indaguei pra mim mesmo: Filho da puta!

Depois disso nunca mais comprei balinhas.

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