segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Sem nada para fazer saiu esse texto:


10 segundos de reflexão

Era uma tarde de setembro, o sol ainda predominava.

Era triste olhar para ela assim.

Acendi um cigarro para que, talvez, minha ansiosidade passasse. Olhei as horas no celular, eram 16:30. Já era quase minha hora de trabalho. Fui ao meu quarto, peguei uma muda de roupas, uma toalha e, como de praxe, fui tomar banho.


Que droga! Como fui deixar que aquele lindo sorriso se apaga-se?

Estaciono o carro em frente a Boate às 18 horas em ponto, o que não era comum. Cumprimento segurança na entrada. Adentro a Hell's, vou direto ao encontro, para cumprimentar, o Sr. Fernandes, meu chefe.


Como pude deixa-los saírem livres?

O patrão conversava com seus capangas. Deu-me um olhar seguido de um gesto com a mão, insinuando que esperasse uma ordem. Enquanto esperava fiquei fitando Gisele que, no outro lado da Hell's, trabalhava servindo coquetéis e aturando bêbados que, em uma vã esperança tentavam a xavecar, sem nenhum sucesso. Ela percebendo meu olhar expressou um sorriso singelo.

Apesar de tudo ver ela me conforta.

Após 30 minutos de espera finalmente Sr. Fernandes volta sua atenção à mim. “Eduardo, quero que leve Gisele até a sala de vigilância.” disse em tom sério.

Por mais que fosse errado era justificável os motivos, eram tempos difíceis tanto pra ela, quanto para qualquer um.

Fui em direção ao balcão onde Gisele estava “Gisele, o Sr. Fernandes quer falar com você na sala de vigilância.”, reportei a ela, com o tom mais amigável possível. Ela limpou as mãos em um pano, saiu de traz do balcão ficando assim ao meu lado ”Tudo bem. Vamos?” disse sorrindo. Um sorriso que contagiava, como só ela conseguia fazer.

Minha culpa, foi tudo minha culpa! Poderia ter impedido.

Chegamos na frente da sala, eu, com um gesto de educação, abri a porta para ela. Gisele adentrou a sala com um ar de timidez. Estava fechando a porta quando ouço ”Eduardo, entre você também”. senti um ar de pesar na voz do Sr. Fernandes, mas não questionei, nem exitei a sua chamada.

Se eu prestasse atenção aos sinais poderia ter evitado tudo! Ela não merecia isso.


Sr. Fernandes estava em pé, atrás dele estavam seu dois capangas de braços cruzados a frente deles a Querida Gisele sentada na cadeira, que pertencia ao operador das câmeras de vigilância. “Me diga agora o que significa isso!” falou raivoso, enquanto passava um vídeo em loop. Olhou para os lados com a face rosada ”Eu...Eu posso explicar.” Sr. Fernandes em um acesso de fúria surpreendeu a todos socando a mesa ”Então diga antes que eu tome as devidas providencias!” falou, bufando como um touro ensandecido.

Ele nem exitou, como pode ter sido tão frio.

“Senhor, meus filhos precis...” ele pôs sua arma calibre 38 sobre a mesa sem tirar os olhos de Gisele. Ela começou a lacrimejar “
continua!” ele gritou. Gisele agora soluçava. Tentava se explicar “ Precisavam de remédios.” ela pôs a mão no rosto tentando abafar seu pranto. Eu não estava entendendo nada. “Remédios” falou quase como se fosse para si próprio “Você é uma viciada!” ele segurou a arma apontando para a testa dela. Meu coração estava disparado, não sabia o que fazer.”Sua ladra inútil!” ele disse junto com o estrondo da arma.
“Seu maldito! Como pode fazer isso” corri com o punho fechado, mas antes de alcançar aquele cretino um de seus capangas me acertou na boca do estômago. Caí ao lado dela. “Sabia que ia tentar algo, seu merdinha!” foi a ultima coisa que ouvi antes de sentir a bala perfurar meu pulmão.

Vinicius Machado.

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