Mais um dia de escola, e sabe o que é o melhor? Vou conversar com a Luana. É...a Luana. Falando em Luana, exite um nome mais belo, sonoro e sensual que Luana? Não, definitivamente. O significado deve ser ainda melhor. Eu não sei qual é, mas vou procurar saber. Quem sabe eu não possa usar isso como uma cantada? Me mostrar um homem inteligente, sagaz. Será que eu comento sobre os livros que leio? Não, não devo fazer isso. Eu nem os levo para a escola com medo. Vá que alguém me tire para babaca...
...de novo
Droga. Só de lembrar o que eu passei por ler um quadrinho na aula de Educação Física.
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Eu nunca fui, nem sou um atleta. Não gostava de gastar a minha energia e nem passar vergonha tentando fazer polichinelos ou qualquer outro tipo de alongamento, pois, além de ser um medroso sem tamanho sou muito desajeitado. Assim ia usando as aulas de Educação Física para por as minhas leituras em dia. Lia de tudo. Quadrinhos, livros, jornal. Qualquer coisa que estivesse à mão, para passar o tempo.
Certa vez, eu estava lendo “Entre a foice e o martelo” escrita por Mark Millar. Quando o professor João veio até mim, pedir para que eu participasse ativamente da aula. Eu olhei para os lados e tudo que vi foram os meus colegas, jogando vólei, futebol, três corta etc. E, como sempre, rejeitei a chamada.
O prof. João curiosamente, para alguém quem leciona Ed. Física, sempre estava acima do peso. Então ele nunca foi do tipo agressivo, sabe? Daqueles professores que tentam lhe forçar a fazer todos os exercícios e tal.
Sempre que eu negava ao pedido de participar fazendo algum esporte, ele me passava um trabalho de pesquisa e fica tudo certo.
Ele com um sorriso amarelo disse:
--Tá. André, eu quero para a próxima aula uma pesquisa sobre o vólei, pode ser?
E, como de praxe, balancei a cabeça positivamente e voltei a ler a HQ*
Estava entretido com a leitura quando sinto a presença de alguém ao meu lado. Era o Júlio. O que dizer sobre ele? O atleta, jogador de futebol. Pegador. Eu nunca entendi por que as meninas gostavam tanto dele. Ele é uma porta. Acho que a única explicação é que ele, diferente dos outros meninos, já na quinta série tinha um físico definido.
Bom, continuando. Ele estava olhando sobre o meu ombro a revista. Ficou por uns 3 minutos sem dizer nada. Apenas observando. Até que, abruptamente, ele falou alto, muito alto, sem gritar.
–André! O que é isso aí?!
Mesmo incomodado com ele mantive a calma e respondi com toda a paciência que pude ter no momento.
--É uma revista em quadrinhos do Superman. - Impossível ser mais claro.
Mesmo antes de eu terminar a frase, ele estava olhando para os amigos, outros jogadores de futebol, dando um sorriso cínico. Típico de quando vamos aprontar alguma coisa, sabe? Não deu outra. Júlio voltou a olhar para mim, em silencio. Fez uma troca de olhares entre mim e a revista, umas 5 vezes. Até que perguntou: Tu gosta dessas coisas né? Eu disse que sim, gostava. Então ele disse, agora sorrindo. Sorrindo cinicamente.
--Legal. Meu amigo ali – Apontou para alguém que respondeu acenando.- tem uma coleção de uma revista do homem aranha. Bem legal. Quer ver?
Antes que eu conclua a história, quero dizer a vocês, que estão pensando: Noooossa! Que cara burro! Tá na cara que isso é uma armadilha.
Sim, é uma armadilha. E digo para você que eu sabia, desde o principio que era uma armadilha. Mas, só não reagi porque estava muito acoado com a situação. Não sabia o que fazer.
Então eles me levaram para um lado da escola onde ninguém estava vendo, rasgaram a minha revista e me encheram de tapas. Simples assim. Mas aprendi a me defender melhor, já sei como agir em certas situações. Experiencia válida. E agora sabem o motivo de eu odiar tanto o Júlio, aquele maldito.
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Mais uma vez atrasado. A professora de matemática não vai gostar nada disso. Tudo bem. Mesmo levando um esporro nada pode acabar com a minha alegria.
Ontem pensando em todas as possibilidades de conversa com a Luana, cheguei a conclusão que se não aproveitar esses dias com ela para me aproximar não terei outra chance. Então tenho que me dedicar ao máximo desse tempo que mantivermos contato.
Sala 301, 8:23am. Vamos bater aqui.
--André! Que bom que veio. Pensei que iria perder a prova.
O quê?! Calma e compreensiva...
A professora Caroline não é conhecida por sua paciência. Apesar de ser uma mulher linda com seus obres castanhos esverdeados, madeixas negras, escuras, tão escuras que eu acho que só podem ser pintadas, e uma cinturinha delicada. Mas tudo escondido com essas roupas largas de professora estressada, ela é muito estressada.
Certa vez, ela estava distraída corrigindo alguns trabalhos enquanto nós fazíamos os exercícios que estavam no quadro. Então o Ricardo deixou seu lápis cair e foi juntar. Como ela não admitia que nós nos levantássemos e nem conversássemos sem a sua autorização olhou com frieza para o Ricardo e num grito disse:
--Jáparadireção!- Tudo jundo sem respirar.
Eu, no alto da minha inocência, tentei argumentar:
--Mas ele só foi pe...
E antes mesmo de conseguir terminar, ela me interrompeu dizendo:
--Pode ir com ele!
Bom, já que ela está de tão bom humor não vai ser eu a tirá-la do sério. Vou me sentar e ficar quietinho, aqui, próximo a Luana. Viu, ela até me deu um “oi”. Baixinho, mas deu.
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Até que não estava difícil. Tirei pelo menos um quinze. Valendo 20. Agora é a aula de filosofia. Minha aula preferida, desde ontem quando a professora juntou eu e a Luana em um grupo de dois. Vou lá. Como devo cumprimentá-la ?
Posso começar com um “Oi” um clássico. Não, todo mundo faz isso. Acho que vou dar um Olá! Não é tão comum e também não causa tanta estranheza.
Vou calmo.
--Olá! Tudo bem, Luana?- Aê garotão! Sem gaguejar nem nada! Que orgulho!
--Oi André! To bem. Aqui ó.- Ela tirou da bolsa um exemplar de Retalhos.- Quando terminar de ler a gente começa o trabalho.
Minha nossa senhora! Is-isso dever ter umas 500 páginas!
--Ca-claro...Pode deixar...- que desanimo. Ter que ler tudo isso...
--Puxa uma cadeira e senta aqui. Logo ela vai começar a explica como vai ser o trabalho.
Pelo menos vou estar perto dela. Nem que sejam apenas 45 minutos.
É tão engraçado parar para pensar o motivo de eu gostar tanto dela. Aparência, definitivamente. Mas acho que não deva ser só isso. Eu gosto tudo nela: Roupas, cabelo, atitude. Pensando bem, aparência fica em último lugar.
--Não acredito!- Luana gritou.
--O quê?!
Qual a razão desse grito? Para o que ela está olhando?
--Rodrigo!!
Rodrigo. Mas não tem nenhum rodri... O quê? Quem é esse.
--Pessoal, temos um novo colega. Seu nome é Rodrigo. Vejo, pela reação, que alguns já o conhece..
Alguns?!?!?!Só a Luana gritou como uma desesperada! Droga...Como eu posso competir com um cara desses. Olha só para ele: 1,80m, no peso certo, cabelos negros, olhos azuis, bem vestido. Porra! Como pode existir alguém assim? É evidente que ela deve amar esse cara.
--Já que a Luana conhece ele, vou abrir uma exceção e deixa que ele faça parte do seu grupo com o André.
Não...Não!! Porque? Eu não fiz nada para merecer isso.
--Oi Lu. Como que tá?
Lu. Cheio da intimidade. Sacana!
--Tudo bem. E como que você está Rô? Quanto tempo. Não te vejo desde que estudávamos na Escola Teixeira Pinto da Rosa.
Mimimi...pinto...Perdi miseravelmente. Eu sabia. É impossível. Em um momento, eu to feliz e radiante por ter um tempo sozinho com a Luana, em outro chega esse Rodrigo, todo bonitão que conhece ela. E ela adora ele, pelo visto.
--Senta com a gente. Como pude esquecer. Rodrigo esse é o André, André esse é o Rodrigo um ex-colega e grande amigo.
--Hmm...Legal.
Vou apertar a sua mão só para não passar como um ignorante. O Palhaço ainda aperta a minha mão sorrindo. Com esses dentes brancos e retos. Como eu odeio esse cara.
Mais uma vez. Ainda bem que bateu o sinal. Vou ir para o intervalo, para deixar esses dois sozinhos.
--Pois é, amigos, já que vocês não se veem a tanto tempo os deixarei sozinhos. To indo lá no barzinho comprar algo. Querem alguma coisa?
--Andr..
--Que bom que não querem nada. Tchau!- Não vou buscar nada para os pombinhos.
Quer merda mesmo. Além de deixar os dois sozinhos lá, pois sou um fraco e não quero ver nada que aconteça entre eles, tenho que perder o intervalo nessa fila descomunal.
*****
20 minutos depois.
Vamos voltar para sala e ver o que está rolando com os dois. Não deve ser nada, afinal, ele é só um amigo.
--O André!-
--Fala Leonardo. Que foi?
Lá vem esse chato de galocha.
--Cara, o professor de Biologia tá doente e a gente não vai ter os dois último.
--Sério? Nossa. Er...Todo mundo já foi embora?
--Não, na verdade tá todo mundo indo.
--Beleza, valeu Léo!
Pultz, que cara legal, ficou só para me avisar. Vou correr, tentar encontrar a Lu e chamar ela pra ir em algum lugar, nesse tempo que a gente tem livre. Ha-ha! Tomara que ela queira ir comigo. E tomara que o Rodri...
...go...
Não acredito! Como ela pode fazer isso?! Eles...eles...eles estão se beijando?
E agora? Será que Rodrigo e Luana, amigos de longa data estão mesmo se beijando? E se estiverem, o que André ira fazer? Descubra isso no próximo episódio de: André. xD